Recolha dos trajes


O Grupo efetuou uma recolha pormenorizada dos Trajes tradicionais da Ilha de S. Miguel durante os anos de 1995 a 1998, sob orientação da Dr.ª Sílvia Fonseca responsável pela secção de etnografia do Museu Carlos Machado, do Dr. Hugo Moreia e do então presidente da Federação do Folclore Português, Senhor Augusto Gomes dos Santos.

Traje de domigar e de festa de camponeses abastados

- Ela com a tradicional saia rica de estamenha tecida no tear manual com barra bordada, bordado esse muito trabalhado, cobrindo grande parte inferior da saia, o seu avental também tecido no tear com o mesmo tecido, é como a saia bastante bordado em contraste com a saia, as cores e do avental são sempre garridas, passando pelo azul e rosa, suspiro, azul, preto e vermelho, ou ainda rosa e azul, a camisa ou roupão, sempre de linho branco com refegos, ornada com rendas e entremeios, neste traje vê-se rendas e entremeios muito ricos, e em grande quantidade, o lenço geralmente da cor do bordado da saia, muitas vezes bordado da cor do fundo da saia, e às vezes com quadras de amor, as galochas que neste traje são de madeira com pano bordado, com as cores da saia e avental, as meias de renda e na roupa interior o saiote e o calção, bastante ornamentados com rendas e entremeios brancos.

- Ele com fato de lã preto, composto por calças únicas só com abertura nos lados, casaco com algumas ornamentações, também a preto, jaleco, camisa de linho branco bordada a azul, chapéu de lã preta por fora e feltro vermelho por dentro, com abas sobre os ombros, botas de couro pretas com vermelho no bordo. Este é um traje usado pelos camponeses abastados do campo, existe um original no Museu Carlos Machado, onde o Grupo efectuou a respectiva recolha.

Traje de domigar e de festa de camponeses abastados

- Ela com a tradicional saia rica de estamenha tecida no tear manual com barra bordada, bordado esse muito trabalhado, cobrindo grande parte inferior da saia, o seu avental também tecido no tear com o mesmo tecido, é como a saia bastante bordado em contraste com a saia, as cores e do avental são sempre garridas, passando pelo azul e rosa, suspiro, azul, preto e vermelho, ou ainda rosa e azul, a camisa ou roupão, sempre de linho branco com refegos, ornada com rendas e entremeios, neste traje vê-se rendas e entremeios muito ricos, e em grande quantidade, o lenço geralmente da cor do bordado da saia, muitas vezes bordado da cor do fundo da saia, e às vezes com quadras de amor, as galochas que neste traje são de madeira com pano bordado, com as cores da saia e avental, as meias de renda e na roupa interior o saiote e o calção, bastante ornamentados com rendas e entremeios brancos.

- Ele com o tradicional fato de estamenha tecida no tear manual, composto por calças, casaco e jaleco, o casaco leva na beira um arremate preto, e nos braços uns botões de cores vivas, chapéu de feltro azul escuro por fora e vermelho por dentro, com abas compridas sobre os ombros, as típicas botas de couro preto, com bordo vermelho na parte superior do cano, a camisa de linho branco bordada a azul, com refegos, na qual a mulher disponha todo o seu esmero artístico, pois tinha orgulho no bordado da camisa que o marido usava, este traje era usado. Este é um traje usado pelos camponeses abastados do campo e não por nobres ou burgueses, também podia ser de lã preta pura, como um original que se encontra no museu Carlos Machado, onde o Grupo, onde o Grupo efectuou a respectiva recolha, embora esse não tenha os botões mas sim ornamentos pretos, os botes que este ostenta foram recolhidos do livro Insulana Vol. XI.

Traje de domigar e de festa de camponeses abastados

- Ela com a tradicional saia rica de estamenha tecida no tear manual com barra bordada, bordado esse muito trabalhado, cobrindo grande parte inferior da saia, o seu avental também tecido no tear com o mesmo tecido, é como a saia bastante bordado em contraste com a saia, as cores e do avental são sempre garridas, passando pelo azul e rosa, suspiro, azul, preto e vermelho, ou ainda rosa e azul, a camisa ou roupão, sempre de linho branco com refegos, ornada com rendas e entremeios, neste traje vê-se rendas e entremeios muito ricos, e em grande quantidade, o lenço geralmente da cor do bordado da saia, muitas vezes bordado da cor do fundo da saia, e às vezes com quadras de amor, as galochas que neste traje são de madeira com pano bordado, com as cores da saia e avental, as meias de renda e na roupa interior o saiote e o calção, bastante ornamentados com rendas e entremeios brancos.

- Ele com o tradicional fato de estamenha tecida no tear manual, composto por calças, casaco e jaleco, o casaco leva na beira um arremate preto, e nos braços uns botões de cores vivas, chapéu de feltro azul escuro por fora e vermelho por dentro, com abas compridas sobre os ombros, as típicas botas de couro preto, com bordo vermelho na parte superior do cano, a camisa de linho branco bordada a azul, com refegos, na qual a mulher disponha todo o seu esmero artístico, pois tinha orgulho no bordado da camisa que o marido usava, este traje era usado. Este é um traje usado pelos camponeses abastados do campo e não por nobres ou burgueses, também podia ser de lã preta pura, como um original que se encontra no museu Carlos Machado, onde o Grupo, onde o Grupo efectuou a respectiva recolha, embora esse não tenha os botões mas sim ornamentos pretos, os botes que este ostenta foram recolhidos do livro Insulana Vol. XI.

Traje de domigar e de festa de camponeses remediados

- Ela com a tradicional saia de estamenha tecida no tear manual, com barra também bordada, embora mais simples que o traje rico, o seu avental, também ele de estamenha tecida no tear manual, e bordado a condizer com a saia, embora com as cores a contrastar. A camisa ou roupão, sempre de linho branco com refegos, ornada com rendas e entremeios, mas mais simples que no traje rico, as galochas neste traje são de madeira e couro, o lenço, ora liso da cor da barra da saia, ou garrido, chamado de lenço de Alcobaça, mas tendo sempre preferência nas cores da saia, e na roupa interior o saiote e o calção, ornamentados com rendas e entremeios brancos.

- Ele calça de cotim, com suspensórios e fivela atrás, camisa de linhaça branca riscada a azul e bege, com algibeira grande, onde era guardado o rolo do tabaco, casaco de cotim, podendo ser da mesma cor das calças ou não, e ainda de outro tecido de cor mais ou menos idêntica, o casaco era também conhecido por guarda pó, na cabeça carapuça de lã e nos pés as típicas alpicartas..

Traje de domigar e de festa de camponeses remediados

- Ela com a tradicional saia de estamenha tecida no tear manual com barra bordada, com barra também bordada, embora mais simples que o traje rico, o seu avental, também ele de estamenha tecida no tear manual, e bordado a condizer com a saia, embora com as cores a contrastar. A camisa ou roupão, sempre de linho branco com refegos, ornada com rendas e entremeios, mas mais simples que no traje rico, as galochas neste traje são de madeira e couro, o lenço, ora liso da cor da barra da saia, ou garrido, chamado de lenço de Alcobaça, mas tendo sempre preferência nas cores da saia, e na roupa interior o saiote e o calção, ornamentados com rendas e entremeios brancos.

- Ele fato de estamenha, com calças e casaco, camisa de linho com refegos e botas de couro preto com barra vermelha na parte superior do cano.

Traje feminino de trabalho e pescador

- Ela com a saia de lã azul bordada em bicos na parte inferior, o seu avental de pano riscado e xadrez com patrona, a camisa de linho branco com refegos, também ornada com rendas e entremeios brancos, o lenço de Alcobaça, com cores garridas c condizer com a saia, galochas de madeira e couro e na roupa interior o saiote e o calção, ornamentados com rendas e entremeios brancos.

- Ele Com a calça de estamenha tecida em tear manual, forrada de lã xadrez branco e preto na parte inferior das pernas, camisa de lã bege, chapéu de palha e nos pés alpicartas, quando se encontrava em terra, e tamancas de madeira quando estava no mar, podendo usar cesta e rede quando se dirigia para a faina da pesca, existe um original no Museu Carlos Machado.

Traje feminino de trabalho e camponês
de Rabo de Peixe

- Ela com a saia de lã azul bordada em bicos na parte inferior, o seu avental de pano riscado e xadrez com patrona, a camisa de linho branco com refegos, também ornada com rendas e entremeios brancos, o lenço de Alcobaça, com cores garridas c condizer com a saia, galochas de madeira e couro e na roupa interior o saiote e o calção, ornamentados com rendas e entremeios brancos.

- Ele camponês de Rabo de Peixe, com calças de linho branco ou bege, arregaçada mais a perna esquerda, camisa de linho xadrez branco ou bege, chapéu de linho branco ou bege com abas sobre os ombros e couro na lua, nos pés as típicas alpicartas.

Traje de mulher pobre de domingar e pescador

- Ela com a tradicional saia de estamenha tecida no tear manual, todavia mais rústica com barras simples (riscas) na parte inferior, o seu avental, com cores contrárias às da saia, e também com riscas na parte inferior como a saia, a camisa de linho branco com refegos, também ornada com rendas e entremeios brancos, o lenço de Alcobaça, com cores garridas c condizer com a saia, galochas de madeira e couro e na roupa interior o saiote e o calção, ornamentados com rendas e entremeios brancos.

- Ele Com a calça de estamenha tecida em tear manual, forrada de lã xadrez branco e preto na parte inferior das pernas, camisa de lã bege, chapéu de palha e nos pés alpicartas, quando se encontrava em terra, e tamancas de madeira quando estava no mar, podendo usar cesta e rede quando se dirigia para a faina da pesca, existe um original no Museu Carlos Machado, onde o Grupo efectuou a respectiva recolha.

Traje de mulher pobre de domingar e festa,
e camponês de Rabo de Peixe ou burriqueiro

- Ela com a tradicional saia de estamenha tecida no tear manual, todavia mais rústica com barras simples (riscas) na parte inferior, o seu avental, com cores contrárias às da saia, e também com riscas na parte inferior como a saia, a camisa de linho branco com refegos, também ornada com rendas e entremeios brancos, o lenço de Alcobaça, com cores garridas c condizer com a saia, galochas de madeira e couro e na roupa interior o saiote e o calção, ornamentados com rendas e entremeios brancos.

- Ele camponês de Rabo de Peixe, com calças de linho branco ou bege, arregaçada mais a perna esquerda, camisa de linho xadrez branco ou bege, chapéu de linho branco ou bege com abas sobre os ombros e couro na lua, nos pés as típicas alpicartas.

Traje de domigar e de festa de pobre
e camponês da Relva

- Ela com a tradicional saia de estamenha tecida no tear manual, todavia mais rústica com barras simples (riscas) na parte inferior, o seu avental, com cores contrárias às da saia, e também com riscas na parte inferior como a saia, a camisa de linho branco com refegos, também ornada com rendas e entremeios brancos, o lenço de Alcobaça, com cores garridas c condizer com a saia, galochas de madeira e couro e na roupa interior o saiote e o calção, ornamentados com rendas e entremeios brancos.

- Ele calça de cotim, com suspensórios e fivela atrás, camisa de linhaça branca riscada a azul e bege, com algibeira grande, onde era guardado o rolo do tabaco, casaco de cotim, podendo ser da mesma cor das calças ou não, e ainda de outro tecido de cor mais ou menos idêntica, o casaco era também conhecido por guarda pó, na cabeça carapuça de lã e nos pés as típicas alpicartas.

Traje de apanhadeira de chá
e camponês de Rabo de Peixe ou burriqueiro

- Ela com a tradicional saia de linho xadrez bege e castanho, com barra de lã vermelha, ornada com liga amarela, avental de estamenha com barras e patrona também de estamenha, decorada com motivos populares, a camisa de linho branco com refegos, também ornada com rendas e entremeios brancos, o lenço vermelho, bordado a amarelo a condizer com a barra da saia, chapéu de palha e cesta para deitar as folhas do chá, galochas de madeira e couro e na roupa interior o saiote e o calção, ornamentados com rendas e entremeios brancos.

- Ele camponês de Rabo de Peixe, com calças de linho branco ou bege, arregaçada mais a perna esquerda, camisa de linho xadrez branco ou bege, chapéu de linho branco ou bege com abas sobre os ombros e couro na lua, nos pés as típicas alpicartas.

Traje de apanhadeira de chá e camponês remediado

- Ela com a tradicional saia de linho xadrez bege e castanho, com barra de lã vermelha, ornada com liga amarela, avental de linho branco, bordado e patrona, a camisa de linho branco com refegos, também ornada com rendas e entremeios brancos, o lenço vermelho, bordado a amarelo a condizer com a barra da saia, chapéu de palha e cesta para deitar as folhas do chá, galochas de madeira e couro e na roupa interior o saiote e o calção, ornamentados com rendas e entremeios brancos.

- Ele com calças de estamenha, tecida em tear manual, camisa de linho branco com refegos, calçando alpicartas e carapuça de lã na cabeça.

Capote e Capelo

- Traje sóbrio de lã preta podendo ser azul escuro, composto de manto e capelo com saia de estamenha vermelha com ornamento preto na parte inferior, camisa de linho com rendas entremeios e refegos, avental de linho branco bordado, lenço da cor da saia garrido e sapato abotinado antigo era muito usado até ao início deste século, embora remonte à época do povoamento.

Os trajes que o Grupo usou e os que usa

Quando no seu início, o Grupo entendeu que para se apresentar em público, seria necessário trajes que identificasse o folclore que iria representar, os seus esponsáveis de então foram pedir informações e explicações à Senhora Dona Maria Luísa Ataíde da Costa Gomes, pois esta havia feito um grande trabalho de recolha dos trajes tradicionais da Ilha de S. Miguel, procedendo à sua reconstituição e idealizado a sua recriação, que se encontra publicado na Revista Insulana, Volume XI.

Foi então com as explicações e sugestões, que o Grupo se apresentou de início, os componentes masculinos com a imitação o traje de domingar do camponês abastado, pese embora reconstituído corretamente, era constituído em feltro, quando o certo seria estamanha, bota tradicional e chapéu, este último era a peça que estava completamente correta, bem como as camisas que eram de pano branco bordadas a azul quando teria de ser de linho, os elementos femininos, apresentaram-se com lenços enramados chamados de lenços de Alcobaça, camisas de pano branco algumas bordadas a azul, saias de chita ornadas com renda branca, deviam ser de estamanha, e galochas.

Esta situação manteve-se por um largo período, por haver muitas dificuldades financeiras para ir melhorando. Com o passar dos anos, foram reconstituiu-se as saias, que passaram a ser as verdadeiras e originais, confecionadas em estamenha feitas na Casa de Trabalho do Nordeste, muito mais tarde, substituiu-se os fatos do camponês abastado que eram em feltro, pelos originais, de estamenha, ficando então já muito mais próximo da maneira de trajar do povo micaelense, embora com muitas incorreções.

Ora, a Senhora Dona Maria Luísa Ataíde da Costa Gomes, quando efetuou a recolha, além da reconstituição dos trajes, procedeu a uma recriação dos mesmos, como ela própria, e felizmente descreve no seu trabalho publicado que atrás referimos, como eram os trajes, e como ela os recriara, fazendo assim com que os mesmos se traduzissem em parte por trajes estilizados.

Foi então, que os seus responsáveis, resolveram, que o grupo apresentava-se de maneira muito igual, principalmente, os componentes masculinos, e daí terem a vontade de que o mesmo se apresentasse, com trajes mais variados, tendo a preocupação de não sair daquilo que o povo antigamente usava.

Esta modificação para melhor, ocorreu na mesma altura em que foi dado início ao processo para a integração do Grupo na Federação do Folclore Português, o que logo se entendeu que seria necessário efetuar uma recolha exaustiva sobre os trajes tradicionais micaelenses. No ano de 1995, deu-se início a uma minuciosa investigação tendo por base o trabalho já referido atrás, e ainda as publicações de in Artigo do Senhor Dr. Armando Cortes Rodrigues em a “Arte Popular em Portugal, Ilhas Adjacentes e Ultramar”, do Padre Ernesto Ferreira ao “Espelho da Tradição” e João Afonso “O Traje nos Açores”.

Durante três anos, de 1995 a 1998, foi realizado, sob a orientação da Dr.ª Sílvia Fonseca, responsável pela secção de etnografia do Museu Carlos Machado de Ponta Delgada, do infelizmente já falecido Dr. Hugo Moreira e em consonância com o então presidente da Federação do Folclore Português Senhor Augusto Gomes dos Santos, uma recolha exaustiva dos trajes tradicionais da Ilha de S. Miguel, procedendo-se à sua reconstituição nos moldes originais, utilizando a lã, o linho, a estamenha e o pano, e retificando o pouco que ainda não estava correto, por exemplo baixar as saias até ao tornozelo, e substituindo as camisas ou roupões dos trajes femininos, bordados azuis, que se traduziam em trajes estilizados, para camisas de linho brancas, ornadas com rendas e entremeios, como a D. Luísa Ataíde, descreve, antes de proceder à recriação, e reconstituindo outros que até então não eram usados no grupo como os camponeses de trabalho, camponês da Relva, camponês de Rabo de Peixe ou burriqueiro da Relva, Camponês da Relva, Pescador, Apanhadeira de Chá e Mulher de Trabalho Doméstico.

Hoje o Grupo tem reconstituído todos os trajes, que foi feita a recolha, o qual demonstra nas atuações e apresentações, como o nosso povo vestia de acordo com a sua situação social, o que muito se orgulha de representar de maneira o mais fidedigna possível.